Fervedouro, Jalapão – TO
- Jaqueline Lisbôa
- 26 de mai. de 2019
- 6 min de leitura
Atualizado: 21 de jul. de 2019
Tocantins reúne as mais belas paisagens de cerrado brasileiro. O local, cheio de belezas naturais, é recheado de rios, cachoeiras, dunas e oásis. A natureza única e pouca explorada forma um dos melhores destinos brasileiros para o ecoturismo. Sua beleza não está somente nas paisagens de serrado e de paredões de tirar o fôlego. Ela também esconde um outro atrativo na região que surpreende e diverte quem se aventura por lá: os fervedouros do Jalapão.
O que é um fervedouro?
Os Fervedouros são nascentes de rios subterrâneos em pequenos lagos de águas cristalinas. A água ao brotar gera muita pressão e acaba aumentando a densidade da água. A diferença de um fervedouro para uma nascente de água doce comum é que nesse caso, a água proveniente do rio subterrâneo passa pelo fenômeno de ressurgência, no qual o próprio lençol freático da região exerce uma alta pressão empurrando a água e qualquer objeto para cima. A pressão é tão grande que o solo e rochas da base viram uma areia finíssima, de cor clara. No caso do Jalapão, o fenômeno abaixo do lençol freático há uma rocha impermeável, o que faz a água ter muito mais pressão para cima. É por isso que nada afunda nessas águas, a sensação é semelhante à de boiar no Mar Morto, em Israel.
No Jalapão, há fervedouros de diversos tamanhos, formatos, cores de água e intensidade de flutuação. Estima-se que haja mais de vinte em toda a região, mas apenas oito estão abertos à visitação. Todos eles estão localizados em áreas particulares ao longo da TO-110, estrada que liga Mateiros a São Félix. O ingresso, por pessoa, varia entre R$ 10 e R$ 25 reais. Cada fervedouro tem uma capacidade específica para visitantes, sendo permitido nadar ao mesmo tempo entre quatro e dez pessoas. E como a capacidade de visitação é baixa, o ideal é fugir de agências com grupos grandes e também de feriados prolongados para não ter que esperar na fila até experimentar um “mergulho” no fervedouro.
O fervedouro mais conhecido, e o primeiro a ser descoberto, é o Fervedouro do Ceiça, com um poço de água transparente em meio a bananeiras, criando uma paisagem incrível, a água que escoa do fervedouro cai em um aquário natural fora da fonte principal. O acesso ao Fervedouro do Ceiça é bem fácil e não há trilha a ser percorrida. A capacidade máxima do fervedouro é de dez pessoas ao mesmo tempo. Havendo fila, os visitantes podem permanecer apenas dez minutos. O custo da entrada é de R$ 20 por pessoa. Não deixe de levar máscara de mergulho e câmera fotográfica subaquática para registrar o interior do visual do fervedouro. Não há restaurante no Fervedouro do Ceiça. Lembre-se de que não é permitido o mergulho no fervedouro se o visitante estiver usando na pele protetor solar ou repelente.
Já o Fervedouro Bela Vista é considerado o mais belo da região. O grande poço redondo, com 15 metros de diâmetro e água extremamente azul, não deixa dúvidas do motivo do título. O acesso ao Fervedouro Bela Vista acontece por uma plataforma de madeira que ajuda a preservar o sensível solo ao redor. Há uma grande nascente principal no Bela Vista, onde é possível sentir a flutuação característica dos fervedouros. Para quem quiser curtir o lugar de maneira menos comum, vale investir em um mergulho noturno — permitido nesse local. Há um restaurante delicioso no local (que funciona também para o jantar), área para camping e o proprietário promete, em breve, a construção de quartos para hospedagem. A capacidade máxima do Fervedouro Bela Vista é de dez pessoas por vez e o custo da visita é de R$ 15. O almoço, com comida à vontade, tem custo de R$ 35.
Parecido com o Bela Vista, porém com água em tons de verde, o Fervedouro do Alecrim também oferece um delicioso poço para flutuação. A piscina do Fervedouro do Alecrim tem uma grande nascente principal, onde a pressão da água é maior, assim como a flutuação. Porém há outras fontes menores que também permitem a diversão. A capacidade desse fervedouro é de seis pessoas por vez e o custo da visita é de R$ 10. Não há infraestrutura de restaurante ou hospedagem no local, apenas o fervedouro aberto para visitação.
O Fervedouro do Encontro das Águas se destaca pela enorme potência da nascente, que faz com ele seja o mais forte do Jalapão. O tamanho reduzido (com capacidade para apenas quatro pessoas) não diminui a diversão de flutuar intensamente. Com uma nascente única, esse fervedouro é o ideal para quem deseja sentir intensamente a flutuação tão famosa neste fenômeno raro da natureza. A areia em suspensão na água é tão fina e agitada que entra pela roupa e forma bolos no biquíni e na sunga. Para aliviar a sensação de areia por todos os lados, vale dar um mergulho no encontro entre o Rio Sono e o Rio Formiga. Aliás, é desse encontro que vem o nome do fervedouro. Os rios e o fervedouro estão a apenas dois minutos de caminhada um do outro. Aproveite para observar a “dança” da areia dentro do fervedouro ou mesmo para um mergulho no rio. O custo, por pessoa, é de R$ 15. O acesso ao fervedouro é bem fácil e o carro chega próximo ao local.
Já o diferencial do Fervedouro do Buritizinho é a água extremamente transparente e azul, o que permite um cenário maravilhoso para fotografar. O Fervedouro do Buritizinho tem formato de gota e a nascente é mais profunda se comparada a outros fervedouros, por isso a sensação de flutuação não é tão intensa. É possível nadar tranquilamente e, em alguns pontos, a profundidade pode até não dar pé. Mesmo sem a grande pressão da nascente, a visita é imperdível. Além do Fervedouro do Buritizinho, o local também oferece um trecho bem calmo do Rio Formiga, onde é possível tomar banho, pular do balanço preso à árvore e até praticar boia cross (R$ 10 para descer o rio quantas vezes quiser). Além das duas atrações, há também um restaurante de comida caseira com comida à vontade por R$ 35 por pessoa. A capacidade do Fervedouro do Buritizinho é de até seis pessoas por vez e o custo do acesso é de R$ 15 por visitante.
Enquanto o Fervedouro dos Buritis, a trilha que leva ao fervedouro é bem rápida e não demora nem cinco minutos para chegar até ele depois de estacionar o carro. A capacidade máxima é de 10 pessoas por vez e o custo é de R$ 15 por visitante. No Fervedouro do Buriti, há um restaurante de comida caseira que serve almoço e também funciona como bar. Bom ponto de parada no meio do dia de visitas aos fervedouros.
Fervedouro do Rio Sono têm lindos poços de água decorados por buritis. Não há trilha até o fervedouro e o acesso é bem fácil a pé. O fervedouro tem capacidade para seis pessoas de uma vez e o custo da entrada é de R$ 15. Com um bom restaurante de comida caseira e um redário convidativo a um cochilo pós-almoço, o Fervedouro do Sono é um ótimo ponto de parada entre o Fervedouro do Ceiça e a Cachoeira do Formiga. Vale experimentar alguns dos quitutes locais. O almoço tem custo de R$ 35 por pessoa e a comida pode ser servida à vontade.
O Fervedouro da Korubo é o único que não permite visitação a todos os turistas. A Korubo, agência de turismo que opera um camping safári no Jalapão, oferece aos turistas um fervedouro exclusivo. Apenas quem faz o tour para o Jalapão com a Korubo poderá entrar nesse fervedouro. A má notícia é que os turistas que viajam com a Korubo conhecem apenas este e nenhum outro. Já quem viajar com outras agências ou por conta própria terá a oportunidade de conhecer outros sete fervedouros. O Fervedouro da Korubo é bem grande se comparado a outros da região e é compatível com o Fervedouro Bela Vista e Fervedouro do Alecrim em tamanho. Seu poço tem várias nascentes e permite a flutuação em diversos pontos. A água é transparente e levemente esverdeada, cercada por vegetação. Nos pontos onde não há nascente, ele não chega a ser fundo, o que dá segurança aos turistas que não sabem nadar. No local, é realizada uma das refeições do grupo que viaja com a Korubo e na entrada há uma banquinha com venda de artesanato em capim dourado. Como o acesso é permitido apenas aos viajantes que estão com a Korubo, não há um valor estipulado para a entrada.
Os fervedouros são fenômenos naturais muito sensíveis e por isso há algumas regras que devem ser seguidas na hora da visita, entre elas: não pisar na borda do poço e evitar o uso de repelente e protetor solar no mergulho. Atualmente os fervedouros são abertos ao público e não há regularização para o turismo sustentável na região. Acredita-se que em pouco tempo o Jalapão passe por um processo similar ao que aconteceu em Bonito, onde os atrativos têm acesso controlado para não prejudicar o meio ambiente. Enquanto isso, seja um turista consciente e preserve o local o máximo possível.
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