Pedra Furada, Parque Nacional da Serra da Capivara – PI
- Jaqueline Lisbôa

- 26 de mai. de 2019
- 6 min de leitura
Atualizado: 13 de jul. de 2019

O Parque Nacional da Serra da Capivara foi fundado em junho de 1979, com o propósito de proteger os registros rupestres encontrados na região. A administração fica por conta do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e a preservação pela Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), órgão fundado em 1986 pelos mesmos arqueólogos que desde o início da década de 70 pesquisavam ali. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é outro órgão que também coopera na preservação desses sítios.

O Parque atravessa quatro cidades: Canto do Buriti, Coronel José Dias, São João do Piauí e São Raimundo Nonato, sendo esta última a cidade-sede principal.

São Raimundo Nonato tem pouco mais de 30 mil habitantes e está há mais de 500 quilômetros da capital Teresina. Do Parque, são cerca de 40 quilômetros até o centro da cidade, onde estão pousadas, restaurantes e a principal infraestrutura turística. O bioma predominante é o da caatinga, verde e diverso em parte do ano, mas mais conhecido pelos grandes períodos de seca. Ao longo das estações, as paisagens migram constantemente. Ainda assim, a preservação dos sítios arqueológicos e paleontológicos se deu muito pelo equilíbrio do ecossistema.

A fauna também é rica. Registra-se mais de 200 espécies de aves e 30 espécies de mamíferos não voadores, além do Mocó, roedor sobrevivente na caatinga, e da principal predadora onça-pintada.

Desde 1991 o Parque Nacional é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Não é para menos. O Parque reúne o maior números de sítios pré-históricos e os mais antigos exemplares de arte rupestre de todo o continente americano, além da maior quantidade de pinturas rupestres do mundo. São mais de 700 sítios com aproximadamente 30.000 inscrições. A região abriga 173 sítios arqueológicos abertos à visitação.
São 14 trilhas que levam a diversos pontos, como os sítios Toca do Boqueirão da Pedra Furada, Toca da Tira Peia, Toca do Sítio do Meio e o circuito dos Veadinhos Azuis, onde foram encontradas as primeiras pinturas com tons de azul em todo o mundo. No Toca do Meio, é comum encontrar pelas trilhas pedaços de cerâmicas datados de tempos antigos. Os mais antigos pedaços de cerâmica das américas foram encontrados neste sítio, com quase 9.000 anos preservados. O volume é tamanho que os visitantes podem levar pedaços para casa. Para isso, é necessário serviço de guia, oferecido muitas vezes pelos próprios moradores associados a agências de turismo.


Tais registros sobreviveram ao tempo principalmente pelas formações rochosas características da região. Os três sítios citados, mais populares nesta rota, são todos abrigos de rocha, cuja área interna está protegida do sol e da chuva. No Toca do Boqueirão, registros apontam população na região a pelos menos 20 mil anos antes do tempo presente, assim como no Vale da Pedra Furada .

Até 2015, chegar ao Parque exigia uma longa viagem por estrada. Com a inauguração do Aeroporto de São Raimundo Nonato (ou Aeroporto Serra da Capivara), a expectativa é de que o acesso fique cada vez mais fácil. Da pequena cidade para o profundo do parque, são cerca de 40 quilômetros. Para quem pretende economizar, saem ônibus da capital diariamente pelas empresas Transpiauí, Princesa do Sul e Viação Lider. Outra opção é partir de Petrolina, a pouco mais de 300 quilômetros de São Raimundo pela viação Gontijo. De carro, partindo da capital, pegue a saída para a BR-316, siga pela BR-343 e em Floriano pegue a BR-230, seguindo pela PI-140 até São Raimundo Nonato.
Ainda que afastado no interior do Piauí, distante das facilidades da capital, o Parque Nacional da Serra da Capivara é um dos principais atrativos do estado. Para o Brasil, sua relevância é gigante no que tange a preservação da história da humanidade.

Além dos sítios arqueológicos com pinturas rupestres, o Parque resguarda também sítios históricos, onde se pode observar casas de antigos maniçobeiros que habitaram o lugar e que viviam da coleta da maniçoba até meados do século XX. Os sítios históricos concentram-se na região da Serra Branca, onde pode ser visitada a Trilha dos Maniçobeiros.

Para quem gosta da natureza, o Parque protege uma parte da vegetação da caatinga onde se pode observar suas diversas variações, desde a caatinga baixa e densa até a caatinga alta. No período das chuvas pode-se apreciar a floração das plantas da Caatinga.

Nos boqueirões, locais onde há concentração de maior umidade, as árvores são mais altas e perenifólias, predominando algumas espécies típicas, como a gameleira. Jardins rupestres, formados por cactáceas e bromeliáceas são comuns sobre as formações rochosas.

A fauna também é variada, com presença de tatus verdadeiros, tatus bola, tamanduás, jaguaratiricas, jacus, cotias, veados-catingueiros, porcos-do mato, macacos-prego e até onças. além de variada avifauna, lagartos e serpentes. Alguns desses animais são facilmente visualizados.

A paisagem geológica do Parque também merece destaque, com presença de formações areníticas, cânions ruiniformes, e boqueirões, formando lindas vistas panorâmicas. Por sua importância e singularidade geomorfológica, a região está sendo cotada para receber o título de Geoparque.
A visita completa aos circuitos abertos pode ser feita em seis dias, incluindo-se o Sítio do Boqueirão da Pedra Furada, onde foram feitas as primeiras escavações e as datações que atestam a presença do homem pré-histórico no continente americano desde 48.000 anos. O percurso inclui a formação geológica da Pedra Furada, símbolo do local; o Sítio do Meio; o Baixão da Pedra Furada (BPF), onde se adentra ao cânion formado por formações areníticas e o mirante da Pedra Furada. Para os mais corajosos, vale a pena subir a escadaria até o Alto da pedra furada, de lá, descortina-se uma linda vista panorâmica.Os outros circuitos turísticos são integrados pelo Desfiladeiro da Capivara, Circuito do Veredão, Circuito da Chapada, Circuito da Jurubeba, Baixão do Perna, Andorinhas e Circuito da Serra Branca. Todos os circuitos estão repletos de sítios arqueológicos estruturados com escadas, passarelas, alguns dos quais com acesso para pessoas com necessidades especiais (O parque conta atualmente, com 17 sítios acessíveis a cadeirantes). Existem vários treckings, em diversas categorias, desde os mais leves, de 20 minutos, aos mais pesados, de 4 a 6 horas de caminhada e diversos níveis de dificuldade. Recomendamos a visita ao Caldeirão dos Rodrigues, com belas pinturas, caminhada de 4 horas (ida e volta) nível médio de dificuldade, assim como a Trilha Interpretativa Hombu, Trilha dos Maniçobeiros e Veadinhos azuis.

O Parque possui diversos pontos que propiciam belas vistas da paisagem, como o Alto da Pedra Furada, Vista Panorâmica da Pedra Furada, Serrinha, Olho-d´-agua da Serra Branca, Toca do Conflito, Mirante da BR-020, entre outros. Para quem gosta de pedalar, existem alguns condutores especialistas no esporte, com passeios leves ou pesados, de acordo com o gosto e condição física de cada um. É necessário levar a bicicleta. O parque ainda não dispõe do serviço de aluguel/bicicletário. Para um final de passeio e final de tarde, é possível observar os Andorinhões descendo aos abrigos nos cânions (boqueirões). Se tiver sorte, poderá observar também o planar dos urubus-rei, que gostam de frequentar o cânion. Além das aves, a paisagem do cânion ruiniforme é espetacular, principalmente no variante das Andorinhas. Para quem gosta de passarinhar, andar pelas trilhas e estradas de terra do parque pode proporcionar belas e coloridas surpresas.


Mostra as evidências da ocupação humana na região. Possui acervo composto por peças líticas, esqueletos, peças cerâmicas e outros artefatos das escavações arqueológicas na região da Serra da Capivara, além de um painel com exposição das pinturas rupestres dos sítios arqueológicos da região, em slides contínuos, com um belo fundo musical.


No Boqueirão da Pedra Furada o visitante pode experimentar a sensação de observar os paredões iluminados à noite. Deve-se agendar com antecedência no Centro de Visitantes.

O Parque possui também um Centro de Visitantes, com banheiros, lanchonete, auditório e lojinha, além de salão de exposição. No auditório o visitante pode assistir a um breve documentário sobre o parque, se desejar.
A presença do condutor é obrigatória para todos os programas.
QUANDO IR
Em qualquer época do ano é possível visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara. As paisagens da estação chuvosa (localmente denominada de "inverno") e seca (localmente denominada "verão") proporcionam experiências distintas das cores do ambiente e das adaptações da fauna e flora à vida na Caatinga. De janeiro a julho o clima é mais ameno e a vegetação apresenta folhas e flores, proporcionando um ambiente mais sombreado para caminhadas. Imediatamente após as chuvas, é possível observar quedas de água temporárias ao longo das escarpas da serra. Nos meses de maio e junho a vegetação adquire colorações vermelhas, amarelas e marrons, anunciado a perda das folhas. De agosto a novembro a maior parte da vegetação está sem as folhas, e é a época mais quente do ano.
Atualmente, não há cobrança de ingresso de acesso ao Parque.
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